Qual é o gosto da carne humana?


Não importa se o zumbi está morto ou apenas infectado: ele sempre vai morder sua vítima. Pode ser que os infectados prefiram espancar os azarados que cruzam seu caminho, mas no calor da fúria os dentes se tornam tão úteis quanto o punho, e mordidas virão, não duvide disso.

Levando isso com consideração, parei pra pensar: Qual será o gosto da carne humana?


Alimentar-se de humanos não é exclusividade dos zumbis, tampouco da ficção. Tribos de canibais sempre existiram. Não dá pra culpá-los da estranha alimentação, uma vez que eles são induzidos à prática desde pequenos. O problema é quando o canibalismo acontece no mundo civilizado (ou devo dizer "civilizado"?).

Conforme pesquisas, descobri que apontam o sabor da carne humana como forte – para alguns, pode parecer amarga. Para outros, é levemente doce. Ei, não precisa me olhar com essa cara! Essa é a opinião da maioria dos canibais que já se manifestaram sobre o assunto.

No século 16, os astecas serviam um prato com carne humana e milho chamado tlacatlaolli. Eles costumavam cozinhar o corpo da pessoa sacrificada para preparar o prato, o repartindo num banquete. Pela descrição do missionário franciscano Bernardino de Sahagun, a iguaria tinha um sabor adocicado. É a mesma opinião de guerrilheiros do Congo que, no século 20, teriam comido carne de pigmeus para ficarem “mais fortes”.

Outros canibais contam a experiência com detalhes ainda mais assustadores. O japonês Issei Sagawa, que matou e comeu uma professora em Paris, escreveu na autobiografia que a carne da moça era “como atum cru em restaurante de sushi”.

Já para o americano Albert Fish, que assassinava crianças, o gosto parecia “carne de vitela”, tenra e macia. No entanto, provavelmente a descrição mais chocante seja a do alemão Armin Meiwes, condenado à prisão perpétua em 2006 pela morte do engenheiro Bernd Brandes. Na noite de 9 de março de 2001, Armin cortou o pênis de Bernd, cozinhou o órgão e o dividiu com o próprio amputado (!).

No tribunal, o canibal disse que não havia gostado muito do membro assado – ele achou a carne muito difícil de mastigar. Depois foi a vez de o próprio engenheiro virar picadinho. Armin comeu mais de 20 quilos da carne do morto ao longo de vários dias e comparou o banquete à carne de porco, “um pouco mais amarga e mais forte”.

Quando o degustador não tem sérios problemas mentais, a experiência de deglutir alguém da própria espécie é tão aterradora que o gosto é o que menos importa. Os sobreviventes do desastre aéreo de 1972 nos Andes, que passaram 72 dias isolados, tiveram que se alimentar da carne dos mortos no acidente para sobreviver.

O uruguaio Carlos Páez disse ter consumido a carne humana em pedaços finíssimos, congelados. Por causa das baixas temperaturas e do trauma, Páez afirmou que não sentiu gosto algum.

Nos casos reais acima, a "alimentação" de um zumbi pode ser comparada à experiência dos sobreviventes dos Andes, mas não há nada de traumático uma vez que nossos amados mortos-vivos/infectados agem por instinto. Acredito que eles nem consigam sentir realmente o gosto da carne, diante de tamanha gula. Ora, deixe dez pessoas amarradas diante de um zumbi: ele comerá as dez, e continuará com fome.

E você? Imagina qual seja o sabor?

1 mordidas:

Wanderley disse...

Ler os textos do Tiago sempre é um sensação incrível, agora ler um texto deste que tem implicações sociais, assim como comer carne de cachorro ou de cavalo, deixa com uma pulga atras da orelha.

Qualquer uma das outras situações embrulha o estômago, e tirando o caso dos sobreviventes dos andes, eu pelo menos não me vejo comendo carne humana.

Tiago continue com estes textos incríveis, e estou esperando pelo próximo livro.

7 de março de 2013 às 14:49

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